PAPA FRANCISCO
MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE
Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 26 de 30 de Junho de 2013
Temos necessidade de «cristãos de acção e de verdade», cuja vida se «funda sobre a rocha de Jesus», e não de «cristãos de palavras», superficiais como os gnósticos ou severos como os pelagianos, disse o Papa Francisco retomando um tema que muito lhe agrada, na missa celebrada na manhã de quinta-feira, 27 de Junho, na capela da Domus Sanctae Marthae. Concelebraram, entre outros, o cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência episcopal brasileira.
A reflexão do Papa, inspirada como de costume pelas leituras do dia, teve início em particular a partir do trecho do evangelho de Mateus (7, 21-29), no qual — explicou o Pontífice — «o Senhor nos fala do nosso fundamento, a base da nossa vida cristã» e diz-nos que este «fundamento é a rocha». Isto significa que «devemos construir a casa», ou seja, a nossa vida, sobre a rocha que é Cristo. Quando são Paulo fala sobre a rocha no deserto refere-se a Cristo, frisou o Papa. Ele é a única rocha «que pode dar-nos segurança», a ponto que «somos convidados a construir a nossa vida sobre esta rocha de Cristo. Não sobre outra».
E sobre a graça da paternidade centrou-se a reflexão do Papa Francisco durante a missa de quarta-feira 26 de Junho. O Pontífice recordou sobretudo que «todos nós, para sermos maduros, devemos sentir a alegria da paternidade». Um discurso, acrescentou imediatamente, que é válido também no caso do celibato sacerdotal porque «paternidade é dar a vida pelos outros»: portanto, para os sacerdotes será «uma paternidade pastoral, a paternidade espiritual» que é sempre e contudo «um dar a vida, tornar-se pai».
Na missa celebrada na manhã de 25 de Junho o Papa Francisco, referindo-se à «luta pela terra» entre Abraão e Lot, narrada no capítulo 13 do Génesis (2.5-18), frisou que o caminho para a paz no Médio Oriente é indicado pela «sabedoria» de Abraão, pai comum na fé para judeus, cristãos e muçulmanos. «Quando leio isto, penso no Médio Oriente e peço tanto ao Senhor que nos dê a sabedoria, esta sabedoria: não nos confrontemos — tu ali, eu aqui — pela paz» disse no início da homilia. Abraão, acrescentou, recorda-nos também que «ninguém é cristão por acaso», porque Deus nos chama pelo nome e com «uma promessa».
Concelebraram, entre outros, os cardeais Camillo Ruini e Robert Sarah, presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, que acompanhava um grupo de oficiais e colaboradores do dicastério.
Há uma promessa, recordou o Pontífice, na raiz da história de Abraão que se preparava para deixar a sua terra «sem saber para onde ir, mas para onde o Senhor lhe teria indicado». O Santo Padre repercorreu as suas vicissitudes, a passagem pelo Egipto e, sobretudo, a disputa pela questão da terra e a paz com Lot. O Papa Francisco repetiu as belíssimas palavras do Génesis: «Então o Senhor disse a Abraão: “Ergue os olhos e, do lugar onde estás, dirige o olhar para norte e para sul”, em todas as direcções, tudo é teu, tudo será teu e da tua descendência».
Abraão, frisou o Pontífice, «parte da sua terra com uma promessa. Todo o seu caminho é ir rumo a esta promessa. O seu percurso é também um modelo para o nosso. Deus chama Abraão, uma pessoa, e dela faz um povo. Se formos ao livro do Génesis, no início, à criação, poderemos constatar que Deus criou as estrelas, as plantas e os animais». Tudo no plural. Mas «criou o homem: singular. Um. Deus fala-nos sempre no singular porque nos criou à sua imagem e semelhança. Deus fala-nos no singular, e falou a Abraão, fez-lhe uma promessa e convidou-o a sair da sua terra». Também «nós cristãos — continuou o Papa — somos chamados no singular. Nenhum de nós é cristão por mero caso: ninguém. És chamado tu, tu e tu». É uma chamada «pelo nome, com uma promessa: vai em frente, estou contigo, caminho ao teu lado».
Certamente, reconheceu, «há muitos problemas, momentos difíceis. Também Jesus passou por tantos, mas sempre com aquela segurança: o Senhor chamou-me, está comigo, Ele fez-me uma promessa. Mas o Senhor errou em relação a mim? O Senhor é fiel, porque jamais poderá negar-se a si mesmo. Ele é a fidelidade». O Papa concluiu desejando que «o Senhor dê a todos nós a mesma vontade de ir em frente que teve Abraão» inclusive no meio das dificuldades. Ir em frente, com a segurança de Abraão, a certeza de que «o Senhor me chamou, que me prometeu muitas coisas boas, que está comigo».
E na manhã de segunda-feira, 24 de Junho, festa litúrgica da natividade de São João Baptista, que a Igreja venera como «o maior homem nascido de mulher», o Papa propôs uma Igreja que se inspire na figura do santo: que «exista para proclamar, para ser voz de uma palavra, do seu esposo que é a palavra» e «para proclamar esta palavra até ao martírio» que lhe foi infligido pelos «mais soberbos da terra». Com o Pontífice concelebrou, entre outros, o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura e da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra, que acompanhava um grupo de oficiais e colaboradores das duas entidades.
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