PAPA FRANCISCO
MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE
Nenhuma preguiça
Terça-feira, 11 de Novembro de 2014
Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 46 de 13 de Novembro de 2014
Como deve ser a nossa fé? É a pergunta dos apóstolos e também a nossa. A resposta é: «uma fé enquadrada no serviço» a Deus e ao próximo. Um serviço humilde, gratuito, generoso, nunca «a meio». Só assim é possível abrir-se deveras à esperança do encontro final com Jesus.
Ao comentar o Evangelho de Lucas proposto pela liturgia (17, 7-10), o Papa evocou o trecho no qual, aos discípulos que pedem: «Senhor, aumenta a nossa fé», Jesus responde: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a essa amoreira: “Arranca-te daí e planta-te no mar e ela obedecer-vos-ía”». Isto é, explicou Francisco, o Senhor fala de uma «fé poderosa», tão forte que é capaz de «fazer grandes maravilhas», mas com uma condição: que esteja inserida «no âmbito do serviço», que «leve ao serviço». Um serviço que seja total, como o do «servo que trabalhou o dia inteiro» e quando volta para casa «deve servir o Senhor, dar-lhe de comer e depois repousar».
Aparentemente, comentou o Pontífice, parece «um pouco exigente, severo»: alguém poderia aconselhar «este servo a ir ao sindicato para obter conselhos» sobre o modo como se regular «com um patrão assim». Contudo, o serviço solicitado é «total» porque é o mesmo que Jesus pôs em prática: «ele avançou com esta atitude de serviço». O Senhor disse claramente: não podemos servir dois patrões, Deus e as riquezas. A este propósito o Pontífice recordou «os israelitas no tempo do profeta Elias, que desejam estar bem com Javé e com Baal». E frisou que «se serve um só Senhor».
Depois, o Papa entrou nos pormenores da vida diária e das dificuldades que o cristão encontra para pôr em prática a palavra evangélica. «Nós — disse — podemos afastar-nos desta atitude do serviço» antes de tudo «por um pouco de preguiça»; tornamo-nos «acomodados, como fazem aquelas cinco jovens preguiçosas que esperam o noivo mas sem verificar se têm óleo nas lâmpadas». E a preguiça torna «o coração tíbio». O Senhor fala-nos de «serviço de humildade». Como ele fez: «sendo Deus humilhou-se a si mesmo, abaixou-se, aniquilou-se: para servir. É serviço em esperança e esta é a alegria do serviço cristão», que vive, como escreve são Paulo a Tito, «na expectativa da bem-aventurada esperança e da manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo». O Senhor, concluiu o Pontífice, «nos conceda estas duas grandes graças: a humildade no serviço, a fim de nos poder dizer: somos servos inúteis», e «a esperança na expectativa da manifestação» do Senhor «que nos virá encontrar».
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