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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
AOS REPRESENTANTES DAS PROFISSÕES SANITÁRIAS TÉCNICAS DE RADIOLOGIA,
REABILITAÇÃO E PREVENÇÃO 

Sala Clementina
Segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

[Multimídia]

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Estimados irmãos e irmãs bom dia e bem-vindos!

Agradeço à senhora Presidente as suas palavras de saudação. Vós representais milhares de profissionais da saúde: portanto, este encontro dá-me a oportunidade de renovar a minha proximidade e gratidão pelo que fazeis todos os dias. Desejo agradecer-vos pelo vosso empenho e dedicação, especialmente quando são escondidos. Os profissionais da saúde, durante os últimos três anos, tiveram uma experiência muito especial, difícil de imaginar, a da pandemia. Já foi dito antes, mas não deve ser esquecido: sem o vosso empenho e  as vossas canseiras, muitos doentes não teriam sido curados. O sentido do dever animado pelo poder do amor permitiu-vos prestar a vossa obra ao serviço do próximo, inclusive pondo em risco a própria saúde. E convosco, agradeço a todos os demais agentes da saúde.

Daqui a pouco menos de um mês, a 11 de fevereiro, celebrar-se-á o Dia Mundial do Doente, que convida sempre também à reflexão sobre a experiência da doença. Isto é ainda mais oportuno hoje, aliás necessário, pois muitas vezes a cultura da eficiência e do descarte «impele-nos a negá-la. Não há espaço para a fragilidade. E assim o mal, quando irrompe e nos ataca, deixa-nos por terra, atordoados. Então pode acontecer que os outros nos abandonem, ou nos pareça que devemos abandoná-los a fim de não nos sentirmos um peso para eles. Começa assim a solidão» (Mensagem para o XXXI Dia Mundial do Doente).

A cultura do cuidado, personificada pelo bom Samaritano (cf. Lc  10, 25-37), age de maneira oposta. Não desvia o olhar, aproxima-se da pessoa ferida com compaixão e preocupa-se com a pessoa que outros tinham ignorado. Esta parábola indica uma exata linha de comportamento. «Mostra-nos as iniciativas com que se pode refazer uma comunidade a partir de homens e mulheres que assumem como própria a fragilidade dos outros, não deixam constituir-se uma sociedade de exclusão, mas fazem-se próximos, levantam e reabilitam o caído, para que o bem seja comum» (Enc. Fratelli tutti, 67).

Prezados amigos, a vossa profissão deriva de uma escolha de valores. Com o vosso serviço, contribuís para “reerguer e reabilitar” os vossos pacientes, lembrando que eles são, antes de mais, pessoas. No centro, de facto, deve  estar sempre a pessoa, em todos os seus componentes, incluindo o espiritual: uma totalidade unificada, na qual as dimensões biológica e espiritual, cultural e relacional, de planeamento e ambiental do ser humano são harmonizadas no percurso da vida. Este princípio, que está na base da constituição ética da vossa Federação, orienta o caminho e permite não ceder a estéreis eficiências ou a uma aplicação fria de protocolos. Os doentes são pessoas que pedem para serem tratadas e para se sentirem cuidadas, e por isso é importante relacionar-se com eles com humanidade e empatia. Certamente com um elevado nível profissional, mas com humanidade e empatia.

Mas também vós, profissionais da saúde, sois pessoas, e precisais de alguém que cuide de vós, através do reconhecimento do vosso serviço, da tutela de condições de trabalho apropriadas e do envolvimento de um número adequado de prestadores de cuidados, para que o direito à saúde seja reconhecido a todos. Cabe a cada país «a busca ativa de estratégias e recursos a fim de serem garantidos a todo o ser humano o acesso aos cuidados médicos e o direito fundamental à saúde» (Mensagem para o XXXI Dia Mundial do Doente). A saúde não é um luxo! Um mundo que descarta os doentes, que não assiste aqueles que não podem pagar os tratamentos, é um mundo cínico, sem futuro. Recordemos sempre isto: a saúde não é um luxo, é para todos.

Exorto-vos a olhar sempre para os valores éticos como uma referência indispensável para as vossas profissões. Com efeito, os valores, se bem assimilados e combinados com os conhecimentos científicos e as competências necessárias, permitem acompanhar da melhor forma as pessoas que vos são confiadas.

Prezados irmãos e irmãs, que vos acompanhe a materna intercessão da Virgem Maria, que o Evangelho nos apresenta como uma mulher atenciosa, que se apressa a ajudar a sua prima Isabel. Que Ela vigie sobre vós e o vosso trabalho. De coração abençoo-vos a vós e às vossas famílias. E peço-vos que rezeis por mim, por favor. Obrigado!



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