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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO SENHOR SATCAM BOOLELL NOVO EMBAIXADOR
DAS ILHAS MAURÍCIO JUNTO DA SANTA SÉ
POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO
DAS CARTAS CREDENCIAIS

24 de Abril de 1997

 

Senhor Embaixador

Dou-lhe as calorosas boas-vindas no momento em que Vossa Excelência apresenta as Cartas Credenciais que o nomeiam Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário das Ilhas Maurício junto da Santa Sé. Aprecio profundamente os sentimentos que Vossa Excelência expressou, bem como os bons votos que transmitiu da parte do Presidente, Sua Excelência o Senhor Cassam Uteem, e do Governo. É de bom grado que lhos retribuo, com a certeza das minhas orações pelo bem-estar do povo do seu país.

Vossa Excelência referiu-se amavelmente às cordiais relações existentes entre as Ilhas Maurício e a Santa Sé, e estou convicto que a sua missão há-de revigorar os vínculos que nos unem na busca do progresso da família humana. Com profundo respeito pelas diferentes culturas e civilizações, a Igreja procura promover a compreensão e encorajar a solidariedade efectiva entre os povos e as nações. Fá-lo sobretudo contribuindo para a formação e o desenvolvimento do espírito humano, e esforçando-se por despertar nas pessoas um zelo em trabalhar altruística e responsavelmente em prol do bem comum.

Cada nação tem um contributo específico a oferecer na edificação e no fortalecimento de uma civilização pacífica. Dado que vivem numa das encruzilhadas do mundo, os habitantes de Maurício incorporam valores e tradições tanto do Oriente como do Ocidente, e têm demonstrado de forma admirável que pessoas de diferentes raças e culturas podem de facto viver juntas pacífica e proficuamente. Os católicos mauricianos desempenham também um papel activo na vida da própria nação. Inspirados pelo dinamismo da própria fé, um dinamismo que tive o privilégio de testemunhar pessoalmente há sete anos, quando a divina Providência me concedeu visitar Maurício, eles estão largamente empenhados na educação e nos serviços caritativos em benefício dos necessitados. Em todas as suas actividades, a Igreja procura promover o entendimento e a harmonia entre os diversos grupos étnicos e religiosos, convicta de que somente a paz e a cooperação podem trazer o desenvolvimento e o progresso ao qual o povo aspira.

Esta é também a motivação subjacente à presença da Igreja na comunidade internacional, onde a sua actividade tem como finalidade promover o diálogo entre as nações, em vista da obtenção da verdadeira e duradoura paz mundial. O compromisso estável em favor do desenvolvimento humano integral permanece um dos elementos essenciais desta paz, pois não pode haver paz senão quando todos partilham os benefícios do progresso. Há uma conexão intrínseca entre o desenvolvimento e o respeito pela dignidade humana e pelos direitos do homem. De facto, o desenvolvimento não se pode limitar unicamente ao campo material, mas deve centrar-se na realização genuína da pessoa. Um sistema económico que transformasse as pessoas em meros instrumentos de produção e lucro, jamais poderia satisfazer as suas mais profundas aspirações a uma vida melhor. Observamos aqui que existe uma dimensão moral do desenvolvimento, que requer o pleno respeito de todas às exigências derivantes da ordem da verdade e do bem, próprios da pessoa humana (cf. Sollicitudo rei socialis, 33).

Além disso, o desenvolvimento legítimo a que todos os países aspiram não se pode buscar irresponsavelmente, em desvantagem do meio ambiente natural. Regiões inteiras do planeta são ameaçadas pela excessiva exploração dos recursos naturais e pela poluição inadequadamente controlada. Nações e indivíduos têm o dever moral de proteger o património comum da fauna e da flora, evitando a contaminação da terra, do mar e do ar. Ao evocar a grande beleza da sua Ilha pátria, exprimo a esperança de que toda a comunidade internacional aperfeiçoe sem demora as políticas necessárias em ordem a assegurar que a herança de um meio ambiente natural puro seja legada às gerações futuras.

Senhor Embaixador, no início da missão como Representante do seu país junto da Santa Sé, exprimo-lhe os meus bons votos, assegurando-lhe que os vários departamentos da Cúria Romana estarão sempre prontos a assisti-lo no cumprimento dos seus deveres. Ao exprimir uma vez mais a minha estima pelo povo de Maurício, invoco abundantes bênçãos sobre Vossa Excelência e sobre toda a nação.

 

© Copyright 1997 - Libreria Editrice Vaticana

 



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