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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
À EMBAIXADORA DA JAMAICA JUNTO DA SANTA SÉ
 POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO
DAS CARTAS CREDENCIAIS

 

 

 

Excelência

É-me grato dar-lhe as boas-vindas ao Vaticano e aceitar as Cartas mediante as quais Vossa Excelência é acreditada como Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária da Jamaica junto da Santa Sé. É com prazer que recordo a calorosa hospitalidade que me foi reservada por parte do governo e do povo do seu País, durante a minha Visita Apostólica em 1993; peço-lhe a amabilidade de transmitir as minhas saudações e os meus melhores votos ao Governador-Geral, ao Primeiro-Minitro e a todos os seus compatriotas. Excelência, tenha a gentileza de lhes assegurar as minhas orações pela paz e pelo bem-estar de toda a Nação.

A Senhora Embaixadora está bem consciente de que a missão da Igreja no mundo é principalmente espiritual e, por conseguinte, diferente da ordem política. Contudo, a Igreja oferece à sociedade civil a contribuição do seu ensinamento, a sua experiência bimilenar da peregrinação da humanidade ao longo da história, e as suas múltiplas formas de serviço em benefício de toda a família humana. Ela sabe que a sociedade só se  desenvolverá  pacificamente,  na  medida  em  que  reflectir  a  ordem  moral estabelecida por Deus, o Criador que, da plenitude do seu amor, procura atrair todos os homens e todas as mulheres para a plenitude da sua Vida. É por este motivo que a Santa Sé continua a falar de maneira tão insistente à comunidade internacional, sobre o dever de respeitar a dignidade humana e sobre a importância fundamental de defender a família como célula primária da sociedade.

O flagelo dos males sociais destruidores, presentes em numerosas sociedades, que debilitam os valores morais e representam uma ameaça para a vida familiar, é a grande tragédia dos nossos tempos. O tráfigo de drogas, a violência dos grupos armados, os ataques contra a lei e a ordem, a opressão feita às mulheres e às crianças, tudo isto faz parte da "cultura da morte", que as instituições sociais, conjunta e constantemente, têm o dever de procurar eliminar. É com satisfação que realço a referência de Vossa Excelência ao facto de que a principal prioridade do seu governo consiste em alcançar a reconciliação e a unidade nacionais, através da promoção de valores e atitudes que sejam sãos. Estes objectivos dependem da capacidade que todos os membros da sociedade tiverem, de compreender que têm um papel a desempenhar na sua comunidade nacional e que podem contribuir para o progresso da mesma. A Igreja católica, por sua vez, na proclamação do Evangelho de vida do seu Senhor, deseja ardentemente promover entre todos os povos, e de maneira especial entre os jovens, a cultura da verdade e do amor, que leva à liberdade e à felicidade autênticas.

Durante a minha visita a Kingston, pude encorajar o povo jamaicano a deixar que o Evangelho transforme a sua existência e a sua sociedade. Nessa circunstância, observei que o futuro da sociedade está, essencialmente, vinculado ao vigor das suas famílias, e é indispensável que cada pessoa de boa vontade se comprometa em favor da salvação e da promoção da família, como o meio mais eficaz para a humanização e a personalização de toda a sociedade. A dignidade divina de cada pessoa realiza-se e experimenta-se, em primeiro lugar, no seio da família. A renovação da sociedade é garantida quando esta dignidade se exprime nos princípios da igualdade, da justiça e do respeito pelo bem comum. Uma vez que a família é a instituição mais influente na educação dos jovens, o Estado deve apoiar e encorajar de maneira apropriada o papel da família como principal promotora dos valores morais e cívicos.

Como Vossa Excelência teve a amabilidade de realçar, a Igreja católica que peregrina na Jamaica está comprometida no desenvolvimento espiritual e intelectual dos jovens, de maneira especial através dos seus centros educativos a vários níveis. Trata-se de um campo em que existe um grande espaço para a cooperação entre o Estado e os outros Organismos religiosos e sociais, que procuram ajudar os pais no seu papel de principais educadores dos seus filhos. Em nome da justiça distributiva, o Estado tem um papel de promoção e deveria reconhecer a educação dos jovens como uma das suas principais finalidades e uma questão de importância vital para o futuro da Nação. A Igreja que está na Jamaica continuará a fazer tudo o que puder para assegurar o melhor nível do seu trabalho educativo, que não se limita a oferecer conhecimentos, mas inclui tudo aquilo que pode ajudar a pessoa a tornar-se um ser humano amadurecido e responsável, um cidadão hábil e justo.

Excelência, durante o seu mandato como representante do seu País junto da Santa Sé, os vários departamentos da Cúria Romana farão todo o possível para a ajudar no cumprimento dos seus deveres. Formulo os melhores votos para o bom êxito dos seus esforços, com vista a fortalecer ainda mais as relações de cordialidade que já existem entre a Jamaica e a Santa Sé. Sobre Vossa Excelência e os seus compatriotas, invoco as abundantes bênçãos de Deus Todo-Poderoso.

 

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